Muito mais que chuva
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Por Fabí Magnier
Estamos quase no final de fevereiro, mês de festas. Todos ainda estão em clima de carnaval, embora o evento tenha terminado na semana passada.
Bem, esse ano quase não choveu, as escolas de samba puderam se apresentar majestosamente na Avenida, então, é natural a alegria ter permanecido por mais tempo. Seria uma pena se a chuva resolvesse aparecer. Seria pior se ela viesse mais forte, como que se tivesse acumulado o que não choveu nos dias anteriores.
Ela veio. Choveu. E choveu muito.
As chuvas de verão são velhas conhecidas nossas. Sempre aparecem quando menos esperamos, transformando a tarde em noite com suas nuvens escuras e espessas, em meio a raios e trovões que reafirmam a sua força.
Anteontem choveu bastante, mas ontem foi muito pior. Várias ruas da Baixada encheram, inúmeros bairros ficaram sem luz. Um deles, onde é localizado o Hospital da Mulher em São João de Meriti. A energia não havia voltado até hoje (17/2) pela manhã. Houveram relatos de que o gerador apenas funcionava na UTI adulta. A ala da UTI neonatal ficou sem eletricidade e os procedimentos precisaram ser feitos manualmente. Pior: a chuva veio, mas o calor permaneceu. As crianças choravam por conta do clima. E a previsão é de que chova mais por esses dias.
Basta chover para que o caos se instale por aqui, nessa “terra de ninguém” que, orgulhosamente, chamamos de Baixada Fluminense. E, as gotas de chuva levantam inúmeras questões que já estão arraigadas em nosso cotidiano, sob as vendas do menosprezo e da ignorância. A culpa é de quem? Dos políticos que deixam de lado o saneamento básico de nossos bairros e que parecem não se importar com a saúde pública de nossa cidade? Sim. Dos moradores que não têm consciência ecológica e jogam lixo desgovernadamente nas ruas? Também. Todos temos a nossa parcela de culpa, quando as ruas enchem, a eletricidade cai e a ala neonatal de um hospital deixa de funcionar.
De quem vamos cobrar primeiro? Deles (políticos) ou de nós mesmos?